Três anos depois da invasão russa que começou em 24 de fevereiro de 2022, a Ucrânia nunca esteve tão próxima de entrar na OTAN. Em junho de 2025, durante uma reunião histórica em Vilnius, na Lituânia, o secretário-geral da aliança, Mark Rutte, anunciou que existe um “caminho irreversível” para a entrada do país na organização. 1a5s1p
A mudança representa um avanço significativo em relação ao ado. Em 2008, durante a Cúpula de Bucareste, a OTAN já havia prometido que a Ucrânia se tornaria membro, mas foi apenas uma declaração vaga, sem mecanismos práticos. Desta vez, a situação é diferente.
Treinamento e preparação já em andamento 3sw25
A OTAN não está apenas fazendo promessas. A aliança dispensou a Ucrânia do Plano de Ação para Adesão (MAP), um processo que normalmente leva anos e exige reformas complexas dos países candidatos.
Mais importante ainda, programas de treinamento já estão funcionando. Em Wiesbaden, na Alemanha, opera o NSATU, uma espécie de escola militar da OTAN dedicada exclusivamente a treinar soldados ucranianos. Dezenas de milhares de militares ucranianos já aram pelo programa, aprendendo a usar equipamentos ocidentais e táticas da aliança.
Na Polônia, foi criado o JATEC, um centro que analisa as experiências da guerra em tempo real. A OTAN está aprendendo com os combates ucranianos contra as forças russas – conhecimento que nenhum outro país da aliança possui atualmente.
Investimento bilionário na modernização 2s3k2y
O apoio financeiro também é concreto. A OTAN prometeu uma base mínima de 40 bilhões de euros anuais para apoiar a Ucrânia. Os países membros já contribuíram com mais de 950 milhões de euros apenas para modernizar as forças armadas ucranianas.
Divisões entre os aliados 1a4130
Apesar do avanço, nem todos os membros da OTAN estão alinhados sobre o timing da adesão ucraniana.
Estados Unidos: Sob a istração Trump, os americanos parecem ver a adesão da Ucrânia como algo que não está na mesa durante as negociações de paz atuais.
Alemanha: Mantém cautela tradicional, preocupada com uma possível escalada do conflito. Prefere apoiar militarmente a Ucrânia sem dar os que possam provocar reação mais violenta da Rússia.
França: Propõe uma abordagem criativa – adesão automática à OTAN caso a Rússia viole qualquer futuro cessar-fogo.
Reino Unido: Mantém apoio total ao processo, vendo a adesão como questão de “quando” e não de “se”.
Leste Europeu: Polônia e países bálticos pressionam por adesão rápida, considerando a segurança ucraniana fundamental para sua própria proteção.
Por que Putin teme a OTAN? d374c
O presidente russo Vladimir Putin continua vendo a possível adesão da Ucrânia como ameaça existencial. Curiosamente, ele não demonstrou a mesma preocupação quando Finlândia e Suécia entraram na OTAN, países que praticamente dobraram a fronteira da Rússia com a aliança.
Analistas acreditam que o medo de Putin não é tanto sobre bases militares na fronteira, mas sobre o que uma Ucrânia democrática e próspera representaria: um modelo alternativo para o povo russo, provando que ex-repúblicas soviéticas podem prosperar fora da influência russa.
Opinião pública mudou drasticamente 5v6ie
A invasão transformou a opinião dos ucranianos. Antes de 2014, o apoio à entrada na OTAN era minoritário. Hoje, entre 70% e 80% dos ucranianos apoiam a adesão. Uma pesquisa de 2023 mostrou que 76% não estariam dispostos a renunciar à entrada na OTAN nem mesmo como condição para a paz.
Nos países da OTAN, o apoio varia. Nos Estados Unidos, 60% apoiam ajudar a Ucrânia a entrar na aliança, mas 53% dos republicanos se opõem. Na França, 70% apoiam a adesão ucraniana, enquanto no Reino Unido o índice é de 62%.
O poder militar da OTAN 5s2q73
Os números militares explicam a preocupação russa. A OTAN possui mais de 3,4 milhões de soldados ativos contra o planejamento russo de expandir seu exército para no máximo 1,5 milhão. No ar, a aliança tem mais de 22 mil aeronaves contra pouco mais de 4 mil da Rússia. No mar, são mais de 1.100 navios militares contra 419 da Rússia.
A única área onde há equilíbrio é a nuclear: a OTAN possui cerca de 5.177 ogivas nucleares, enquanto a Rússia tem aproximadamente 5.559.
O paradoxo da dissuasão a14f
A situação cria um paradoxo: a adesão da Ucrânia à OTAN tem como objetivo evitar futuras guerras, mas o próprio processo pode provocar escalada para impedir que aconteça.
Por isso, embora a aliança fale em “caminho irreversível”, mantém as condições vagas. Um convite será estendido quando os aliados concordarem e as condições forem cumpridas – o que depende principalmente do fim da guerra e do consenso entre todos os 32 membros.
Membro na prática, mas sem proteção total 46343s
A realidade é que a Ucrânia pode ficar anos neste estado de integração profunda sem adesão formal. Ela já está se tornando membro na prática através de treinamentos, equipamentos e doutrinas. Mas ainda falta o mais importante: a proteção do Artigo 5º, que garantiria que um ataque à Ucrânia seria considerado um ataque a toda a aliança.
Três anos após a invasão, a Ucrânia está mais próxima da OTAN do que jamais esteve – cenário que Putin certamente não esperava quando decidiu atacar em fevereiro de 2022.